Foto: www.surfcronics.com
A Interferência é a forma técnica desenvolvida nas competições para poder se definir a quem pertence uma onda que venha a ser disputada, creio que as regras que permeiam o esporte competição no quesito prioridade da onda são mais ou menos as mesmas que por gerações foram implantadas no mundo do free surf e que instintivamente vem a gerar o detentor da posse da onda.
Apesar das regras que determinam a Interferência dentro de uma disputa de bateria na competição serem aplicadas após estudos e reuniões de equipes que à anos trabalham com esporte no intuito de praticar a mais perfeita justiça dentro da área do evento e estas regras estarem todos os anos descritas nos livro de regras das entidades de surf.
O Free Surf muito pouco deixa a desejar no quesito regras para se determinar de quem pertence a onda a ser surfada, mas diferentemente das regras técnicas que envolvem as competições, o mundo do Free Surf tende a respeitar a regras muito mais culturais que podem variar de praia para praia, por exemplo; existem ondas mais fechadas para surfistas de outras praias, existem picos em que se predominam os surfistas de mais idade, existem lugares que a maioria é um outro tipo de prancha dentro da água (Long Board, Body Board, Kite Surf), e existem aquelas praias localizadas em verdadeiras surf city´s em que a regra que impera é a lei da selva, e quem manda é aquele que tem mais braço.
Mas em ambas as ocasiões, competição e o free surf, muitas vezes devem se prevalecer do bom senso, pois o surf creio eu, esta muito perto de estabelecer a excelência em regras muito mais ainda em seus comportamentos, assim como atletas de outros esportes tem na sua cultura algo muito parecido com o “Fair Play” da FIFA no futebol, este comportamento vem sendo adotado cada vez mais nos outros esportes. Assim foi visto na penúltima etapa do ASP World Tour 2010 na bateria de Adriano de Souza e kelly Slater, o que vimos foi o brasileiro instintivamente aceitar a caminhada para o Deca campeonato de kelly Slater naquela bateria onde ele simplesmente deixou o americano surfar as primeiras ondas da bateria sem sequer remar nas mesmas, competitivamente não foi muito aceito, mas nos aspectos, história, cultura, espírito esportivo, educação e até competitivamente a sua decisão foi muito bem aceita pela mídia esportiva e publico presente na praia como um comportamento nobre do atleta.
Eu particularmente sempre fui adepto do respeito dentro da água, respeito pelo cara que surfa a mais tempo do que eu, respeito a idade também, pego a minha onda e quando volto não remo diretamente para frente do pico já querendo pegar a próxima onda da série e nem por isso deixei sempre de pegar altas ondas em meus dias áureos de rato de praia, e é dessa mesma forma também que gostaria de ser tratado também pelos surfistas das novas gerações.
O Surf não existe nada parecido com outro esporte comparativamente, por exemplo; o vôo livre não precisa disputar um vento para voar, a natação não precisa disputar um trecho da água para nadar, um peladeiro não precisa disputar um campo para jogar, já o surf não é assim, para se surfar o surfista tem que primeiro disputar a onda antes para ficar de pé, claro que existem dias de sonho onde sobram ondas, mas mesmo assim a disputa vem na remada certa no lugar certo. Com isso o surfista para disputar uma onda deve conhecer as regras de prioridade que predominam no determinado pico e deve utilizar elas juntamente com as regras do free surf mundialmente aceitas, que é de estar no pico da onda ou na sua parte mais interna para poder ter a posse da mesma, sempre que possível dar o famoso berro para os demais que estão no rabo da onda avisando que ela já é sua e vai surfar por toda a sua extensão, e quando nada disso adiantar e alguém realmente adentrar na onda em que você já vem surfando, daí por diante não existe mais regra e o instinto vai variar de acordo com a situação e de quem estiver envolvido nesses tipos de ocorrências surfísticas, como sempre a dica é utilizar o bom senso e ter calma, o problema é quando ocorre uma reincidência, e a paciência já não mais tem limite para aturar tamanhos desrespeitos, e a solução destes casos geralmente termina na areia sem regra e prioridade nenhuma.
Texto Sandro Santos.
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