Aos 38 anos 'esconde-se' quando não compete, mas continua a brilhar nas ondas.
Chamam-lhe o "deus do surf". Kelly Slater já tem o estatuto de mito da modalidade e ainda não está preparado para deixar o estrelato. O seu nome é sinónimo de surf, tal como Michael Jordan é de baquetebol ou Muhammad Ali de boxe. Desde 1990 que está no circuito mundial, com três anos sabáticos pelo meio (de 1999 a 2001). Tem nove títulos mundiais - um recorde - e foi o mais novo (aos 20 anos) e o mais velho (36) a consegui-lo.
Mas o Slater mediático a todos os minutos faz parte do passado. Câmara, acção... o norte-americano coloca de imediato o seu melhor sorriso, convive com o público, ontem até tirou a máquina a uma criança para ser ele a tirar as fotos dos dois - isto enquanto o seu adversário da segunda ronda, o brasileiro Bruno Santos, ainda estava no mar a competir, pois Slater saiu ainda faltavam quase dois minutos para o final do heat que sabia estar ganho. E responde a todas as intermináveis perguntas dos jornalistas.
Câmaras desligadas. Slater coloca o seu ar introspectivo e de imediato recusa dar mais autógrafos ou tirar fotografias, refugiando-se na área reservada aos surfistas em Peniche.
São as duas faces de Slater. Nas etapas do circuito mundial, o norte-americano tenta esconder-se ao máximo das luzes da ribalta. Prefere, muitas vezes, alugar uma casa a ficar em hotéis e resguarda- -se de olhares indiscretos. Porém, quando o trabalho assim o exige, Slater é o "deus do surf" para todos.
Aos 38 anos prefere o sossego quando está fora da competição. Personalidade muito diferente dos tempos em que até participou na série Baywatch (Marés Vivas, em português) - algo de que não gosta nada de falar, denunciando aquilo que qualifica como não sendo a melhor decisão ao longo dos anos de carreira -, os namoros com famosas (como foi o caso de Pamela Anderson, com quem contracenou na série). Agora, fora do surf, só na música é que reaparece no circo mediático. Já actuou com Ben Harper e Pearl Jam, por exemplo. A guitarra é outra das suas paixões. Slater pode sentir algum cansaço de 21 anos de mediatismo, mas não do surf nem da competição, como comprova a sua liderança no ranking. "Olho para estes surfistas mais novos e percebo que está cada vez mais difícil derrotá-los. É bom continuar a vencer", realça o surfista que já passou por quase três gerações de atletas.
Kelly Slater e Portugal não combinam. O norte-americano nunca passou duas rondas nas provas realizadas no País: "Não guardo ressentimentos de Portugal por isso, mas se conseguir passar mais rondas aqui em Peniche cada uma será um bónus." Acrescenta que devido a esta maldição tenta manter as expectativas baixas, mesmo que uma vitória o coloque mais perto do título: "Mas não significa que não queira ganhar!"
por ELISABETE SILVA
Fonte Extraída: dn.sapo.pt
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