Depois dos quatro títulos de Mark Richards vieram os dois campeonatos de Tom Carroll. Depois da elegância veio a potência. Carroll chegou a ser definido como o surfista mais potente de sempre, tornou-se especialista nas condições extremas e foi por isso que dominou o Havai - finalista do Pipe Masters na primeira tentativa, vencedor noutras três edições. A forma como reagiu às lesões também fez história. De resto, o i encontrou o australiano numa promoção da Quiksilver, em Cascais, bem disposto mas... lesionado.
Tem apanhado boas ondas?
No Norte [surfou em Aveiro]... Mas estou agora a voltar ao surf ao fim de cinco meses, estou a recuperar de um problema no tornozelo.
Nada de novo para si.
[risos] Não, nada!
Você sabe tudo sobre lesões, qual foi a pior?
Foi a lesão no estômago, a prancha furou-me o estômago, fui três semanas para o hospital, mudou-me. As lesões são boas porque nos fazem olhar para trás, servem de lição.
Continua a dedicar-se às ondas grandes?
Sim, estou a trabalhar com o Ross Clark Jones [australiano especialista em ondas gigantes], a fazer tow-in [lançado nas ondas com motas de água] e a descobrir novos locais na Austrália, na Nova Zelândia, na África do Sul... estamos a montar um projecto para o Discovery Channel.
Para si o surf é isso. Ondas grandes, grandes desafios?
Quando vamos envelhecendo as coisas mudam, começamos a olhar para nós de forma diferente. Agora gosto de surfar tudo, até de fazer paddle-surfing [prancha maior, sempre em pé, com um remo], o que interessa é estar na água, esse é o pequeno desafio de cada dia. Nesta idade, o desafio é estar aberto a outras experiências.
Nas ondas grandes, onde está o medo?
Geralmente o medo está na nossa imaginação. 'Imagina o que seria se..." Depois há o outro medo, o da experiência. O primeiro vem da fantasia, o segundo vem da aprendizagem. O primeiro é difícil de combater porque não é real. Às vezes vou surfar ondas grandes, olho para a previsão do tempo, vejo a tempestade que lá vem e o medo imaginário aparece. Mas a prática, a preparação, o simples facto de estar aqui a falar consigo provam que esse medo é negativo. O bom medo é o real e é esse que nos mantém em segurança.
Em 1985 deixou de surfar na África do Sul em protesto contra o Apartheid.
Foi uma oportunidade de expressar o que pensava. Sempre que ia à África do Sul sentia-me a apoiar aquela forma de tratar pessoas. Na altura senti-me bem com essa decisão, hoje sinto o mesmo. É aquela ideia de ajudar a fazer a diferença.
No início dos anos 80 foi você que fez o primeiro grande contrato, com a Quiksilver. Entretanto o surf tornou-se uma questão de dinheiro?
As coisas são como as fazemos, se é o dinheiro que interessa então pouco mais aparece na vida de uma pessoa.
Quem é o novo Carroll?
É difícil dizer, hoje tudo mudou, uma onda surfa-se de maneira completamente diferente. Talvez os irmãos Hobgood [C.J. e Damien], que andam sempre nos limites. Também gosto de ver o que faz o Dane Reynolds.
Dane é da nova geração, um especialista no surf aéreo...
Algumas manobras são muito boas, trabalhadas, poderosas. Por vezes, a mim não me parece funcional.
Mas é surf?
Sim, tudo é surf. Ainda se trata de descer ondas, é lindo.
fonte: www.ionline.com.br
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