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sexta-feira, agosto 27, 2010

Bar do surfista na Paraíba

Comunidade surpresa com ordem de demolição.

Um bar, uma escola de alfabetização básica e reforço, uma sede de organização não-governamental (ONG) de cunho ambiental, um salão de ginástica, uma biblioteca. Parece que estamos falando de lugares diferentes, mas, na verdade, todas essas atividades funcionam num mesmo local, num tablado com pouco mais de 80 metros quadrados, localizado no bairro de Intermares, em Cabedelo, na Grande João Pessoa. Mais do que um ponto de lazer, o Bar do Surfista vem ganhando, ao longo de três décadas, um caráter social e ambiental para surfistas amadores e profissionais e para os moradores e visitantes que frequentam o local. Na quarta-feira o medo de que tudo isso desapareça apareceu. A Justiça Federal determinou a demolição do estabelecimento, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que alega que o bar agride o meio ambiente. De acordo com o documento, a estrutura onde funcionar o bar e a sede da Associação Guajirú é responsável pelo impedimento à regeneração da vegetaçãoe pelo lançamento de esgotos sem tratamento. A notícia sobre a demolição chocou não apenas o proprietário, mas todas as pessoas que vivem e dependem daquela estrutura.

O surfista José Francisco da Silva tem 15 anos de idade e há cerca de seis é amparado pelo proprietário do bar e pela Associação Guajirú. Fininho, como é mais conhecido, pedia esmolas na rua antes de conhecer o surf e se tornar um dos atletas mais importantes no cenário do esporte na Paraíba. "Eu vivia pelas calçadas. Conheci Waldir quando ele entrou numa padaria e eu pedi a ele um pedaço de pão. Ele mandou eu ir no bar e disse que lá eu poderia aprender a surfar. Comecei a surfar todos os dias e hoje eu considero o Bar do Surfista a minha casa", contou. Além do esporte, o espaço ofereceu para Fininhos outras oportunidades. "Aqui eu faço minhas refeições, aqui na escolinha do surfista eu aprendi a ler e escrever. Hoje sou o atleta que sou por causa de Waldir, que é uma pai para mim", revelou o surfista, um dos nove alunos que participam atualmente das aulas de alfabetização e reforço que são ministradas diariamente num espaço montado no Bar do Surfista. 

A decisão de demolir o estabelecimento deixou Waldir Moreira atônito, sem saber que rumo o projeto das tartarugas urbanas e dos meninos pode tomar.



Galera em frente ao Bar do Surfita durante a entrega de premiação da etapa do Nordestino Amador realizada no Mar do Macaco. Foto: Everardo Santana / Emfocosurf

Elivalton Santos voando nas ondas que quebram em frente ao bar do surfista. Foto: Everardo Santana / Emfocosurf

Priscylla Meira // priscyllameira.pb@dabr.com.br

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