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quarta-feira, setembro 08, 2010

Andy Irons. Uma onda pode mudar uma pessoa.

Andy Irons. Uma onda pode mudar uma pessoa

por Filipe Duarte Santos, Publicado em 08 de Setembro de 2010
Antes pensava em carros, miúdas, festas e... em Kelly Slater. Agora surfa por ele próprio e volta a ganhar.

O homem anda a passear-se nas ondas, sorridente, leve e tranquilo, como se não tivesse uma história às costas. Mas Andy Irons é um mito, porque em tempos se tornou o anti-Slater, a alternativa havaiana ao menino bonito da Florida, o único atleta deste planeta capaz de ganhar três títulos mundiais por entre os nove que Slater impôs. Agora voltou a ganhar-lhe e a recuperar-se para o surf de alta competição (mas já lá vamos).

Um herói tem sempre um anti--herói. E Irons é isso mesmo, também porque depois de se consagrar em 2002, 2003 e 2004, juntou-se ao lado negro da força, entrou em depressão e nas drogas, mandou fora o que tinha. "Houve uma altura em que deixei de gostar do que fazia, ir competir era sempre uma repetição. Quando perdia era capaz de partir as pranchas ao pontapé, destruía os meus phones ou o computador. No outro dia levantava-me, via o computador partido ao meio e percebia que era uma criança, um atrasado."

Andy bateu o no fundo. Na época passada afastou-se do circuito, surfou apenas quando lhe apeteceu, mas agora voltou para cumprir toda a temporada. E antes da quinta etapa deste ano, decidida no último fim-de-semana no Taiti, mostrava-se a pessoa mais despreocupada e resolvida deste mundo. "Voltei e tenho de começar por algum lado, tenho andado a perder uns heats por aí mas agora só quero ganhar mais uma prova. Se a ganhar, depois já posso deixar o surf."

Pois bem, em Teahupoo (Taiti), na sua onda preferida, Andy Irons começou por perder para Slater, foi repescado, cavalgou eliminatórias até às meias-finais, voltou a encontrar Slater pela frente e aí eliminou-o, alcançando a final. E claro, de seguida não podia perder contra CJ Hobgood. E não perdeu, pela primeira vez em três anos. Aos 32 anos a vida voltou a fazer sentido. "Sinto que estou de volta. O meu sonho era voltar a ganhar um campeonato, fiz isso e agora quero mais".

Lá se vão os planos de reforma e (voltemos ao princípio) pode estar recuperado um dos surfistas mais competitivos de sempre, ou pode estar de regresso a maior rivalidade da história recente, embora essa seja sempre ampliada por quem está de fora. Num vídeo do seu patrocinador, Andy Irons admitiu que na sua fase negra surfava pelos carros, pelas miúdas, pelas festas ou... porque Slater existia. Depois veio a razão: "Tudo isso se tornou apenas coisas."

Agora diz que surfa porque "cada onda é diferente e o torna uma pessoa melhor". Agradece à mulher o apoio que lhe tem dado e por entre toda esta serenidade volta a ser respeitado. "Estive com o Andy numa viagem pela Indonésia. Está diferente, as derrotas já não lhe pesam tanto. Acho que em termos técnicos e físicos está a ficar muito próximo daquilo que era e isso é um perigo", disse ao i Tiago Pires. Então cuidado.




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