Por Julio Adler
Acabo de ver Mike Parsons surfar uma onda com a camiseta azul. Opa! Perdão, era Brett Simpsom, que no final das contas é quase a mesma coisa, Brett é a versão 2010 do que Parsons era nos anos 80. Ninguém pode reclamar de falta de emoção no terceiro dia de competição do Billabong Pro Jeffreys Bay de 2010. Esse é dos raros eventos que começa logo no primeiro dia do período de espera e continua sem parar por três dias seguidos. Poucas vezes aconteceu isso na história recente do World Tour – México 2006, Indonésia 2008, não me ocorrem outros.
Todos ficam felizes, fotógrafos, surfistas, público na praia e a turma fissurada da grande rede. Tivemos de tudo um pouco hoje, favoritos caindo diante das zebras, promessas concretizadas, desespero e satisfação, às vezes ao mesmo tempo, nos 30 minutos duma bateria. Sean Holmes fez um estrago gigantesco. Primeiro bateu Slater numa bateria esquisita pro Careca. Slater parecia inseguro, talvez nervoso diante do herói local. Não tivesse tanta tensão na disputa, Slater teria levado, onda a onda, mas com a torcida vibrando enlouquecida e o histórico do Sean Holmes nessa etapa, a vitória foi parar nas suas mãos.
O destino escolheu que Kelly não enfrentaria Andy ainda, Sean Holmes, velho conhecido do A.I. teria a honra. Tiago Pires finalmente passou uma bateria em J-Bay e o fez com grande classe contra Kekoa Bacalso, agora em situação complicada no circuito. Neco teve tudo que podia pedir a Deus contra um Dane Reynolds meio adormecido (ou de ressaca, vai saber?), mas não conseguiu tirar proveito. Assim como na bateria do Kelly, o resultado do Neco poderia ser-lhe favorável, caso os juízes tivessem algum interesse nisso.
Mick Fanning parecia imbatível, fazendo dois 9 em menos de 10 minutos. A velocidade e o tal do comprometimento do macaco albino era assustador. Isso durou até o final do dia, quando Fanning enfrentou Damien Hobgood numa disputa atípica e inesperada. Fanning cometeu um erro de prioridade no início da bateria, que pode ter custado a ele a temporada. Taj encontrou seu ritmo e pode ser considerado um dos favoritos ao título do evento, e por que não? Do circuito.
Mineiro não tomou conhecimento do Ace Buchan e surfou brilhantemente. Na arquibancada montada ao lado do palanque, cada manobra do Mineiro era seguida de suspiros de admiração. Na área dos competidores, você podia sentir que Mineiro é temido e respeitado como Dane, Mick, Joel ou Kelly. Jordy é o surfista do dia. Achei que ele sentiria a pressão do peso nas costas por Kelly ter perdido e me dei mal. Depois da derrota do líder do ranking, bastava que Jordy passasse mais uma bateria para tomar o primeiro lugar do Careca. Jordy surfou completamente confiante e solto. Retiro tudo que escrevi ontem. Sua prancha é uma sandália havaiana no seu pé e ele faz o que der na telha, levantando a torcida na praia como se fosse os bafana-bafana na Copa do Mundo – vuvuzelas e tudo!
Jordy encara Mineiro na primeira bateria das quartas, um desafio pra ambos. “O cara realizou o desejo de todos surfistas do mundo”, disse Mineiro ao Neco, depois do Sean Holmes bater Andy Irons. Kelly e Andy num dia? Uau! Tô pra ver outra dessas… Holmes terá Bede pela frente na segunda das quartas. Dane Reynolds teve seu trabalho facilitado por Brett Simpsom, que simplesmente não consegue usar sua borda jamais. Mesmo se enterrando e escolhendo as piores ondas, Reynolds venceu sem problemas e fez a manobra do evento até agora – pra variar. Dane se entrega totalmente à manobra, todo seu corpo, velocidade e força atacam a parede. Não há nada igual. Dane pega Taj na terceira bateria das quartas.
Perguntei ao Tour Manager, Renato Hickel, quais perspectivas para amanhã, e ele afirmou que existe a intenção de terminar sim, amanhã mesmo, mas que o vento ruim, conhecido como devil wind, pode estragar os planos. Caso não termine amanhã, o evento pode estender-se até o próximo sábado. Alegria de uns, tristeza de outros.
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